`O disco é alegre. Tem uma coisa meio infantil, simples, nas letras, nas melodias. Como disse antes, meu papel nesse processo foi apenas entregar o rascunho pra esses músicos super tarimbados que fizeram arranjos maravilhosos. Depois acho que só vim a me enxerir mais na hora de editar e mixar.
Mas gosto de ressaltar algumas músicas. Duas parcerias que têm no disco. “Mariana” era uma música que Tchida tinha feito toda em crioulo. Ai ele me mostrou e eu fiz algumas alterações pequenas. Ela é uma coladeira, bem balançadinha, pra dançar agarradinho. Ela tem aquela coisa da melancolia. “Vê só” fiz com Marcelo Cavalcante. A letra tava pronta quando chamei ele pra harmonizar a música. A melodia também saiu junto com a letra, mas Marcelo foi levando ela pra caminhos mais gostosos, mais interessantes. A primeira gravação dela foi sem o dub. Originalmente ela é meio fado, meio morna, o que eu e Marcelo estávamos escutando bastante na época.
“Braseiro” e “O tempo” foram presentes de Juliano Holanda, seu Júlio Holanda, o pai dele, e Publius. Depois que gravei “O tempo” Publius me falou: “Eu quis compor uma melodia nostálgica, mas ao mesmo tempo alegre, pois a poesia de Juliano tem essa leveza e também um pouco de ironia (sobretudo na segunda parte)....A melodia na primeira parte sobe e desce como o movimento das águas do mar...”.
“Ali Coladeira” foi a primeira musiquinha que fiz com inspiração em Cabo Verde. Querendo ir lá...Respirar aqueles ares...
É isso.
O que acho que é importante dizer é que, na época que eu compus, tava escutando um pouquinho de cada coisa da África que me apresentavam. Mas quem sabe o que contou mesmo pra fazer a minha parte nesse trabalho foi sentir que a gente não precisa fazer muito esforço pra mostrar nossas influências nem nossas origens. Só foi trabalhoso me reconhecer, voltar pra casa, voltar pra dentro de mim. E, principalmente, aceitar a minha maior motivação pra gravar Camucais: colocar as peças que faltavam no quebra-cabeça da minha história.`
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